Estávamos todos ansiosos - e temerosos - pelo ENEM, especulando como as questões viriam, como seria a prova etc., mas a nossa expectativa foi suprida pela veiculação da própria prova antes da sua aplicação. Isso porque surgiu um engraçadinho no meio da história que se achava bom o suficiente pra roubar a prova, prejudicar mais de 4 milhões de brasileiros e ainda por cima, se dar bem com isso. Muito pior do que isso, contudo, é ouvir comentários do tipo: "Eu já imaginava" , "Típico de brasileiro, com seu jeitinho...", "Claro que ia acontecer, era óbvio!". Óbvio? Então quer dizer que ROUBAR, enganar, desrespeitar, esconder, tirar proveito da desgraça dos outros é aceitável? É... Parece que a nossa sociedade está muito corrompida mesmo, a ponto de entender atos como estes.
Mas não foram todos que se calaram diante desta palhaçada. Os estudantes, revoltados, protestaram. O movimento "Estudante não é palhaço", que aconteceu em várias cidades brasileiras, teve como objetivo chamar a atenção das autoridades, estas que fizeram questão de "virar a cabeça" de milhões de vestibulandos, mudando estilo e prazo do vestibular. O engraçado é que pra protestar todo mundo sabe... E pra mudar algumas ações diárias, será que nós sabemos?
Não estou aqui menosprezando o movimento, mas o que me faz refletir é que, se para muitos brasileiros o roubo do ENEM já era algo esperado, subentende-se que estes muitos fariam a mesma coisa que o empregado da gráfica responsável pela impressão das provas fez.
O nosso profº de Física, fez a seguinte pergunta para algumas pessoas da nossa sala : "Você roubaria a prova?". A incerteza da maioria deixou claro: NÓS somos os principais responsáveis por esse sentimento corrupto que se instalou na nossa sociedade e, consequentemente, em nosso Estado, uma vez que o governo é o reflexo de uma sociedade.
Diante de tudo isso, eu, Júlia Antunes, acredito que narizes vermelhos e faixas de protesto, apesar de necessárias, não são completamente eficazes. "Lutas" diárias, pequenos gestos, AÇÕES concretas é que vão levar nossa sociedade à uma MUDANÇA. Por isso, seja HONESTO, não só na hora da prova, mas em todas as suas atitudes; tenha RESPEITO pelo professor, por seu amigo de sala, pelas regras e normas do colégio, pelas coisas que te cercam. É de pouquinho que se faz a grande diferença.
Por Júlia Antunes.
4 comentários:
Ferro perguntou se a gente roubaria a prova... se a gente colaria numa prova qualquer, bom... é a mesma coisa no final das contas!
O pior de tudo: o cara que roubou disse em entrevista à Época que só gostaria de alertar os estudantes da bagunça que estava a organização da prova. E ainda reclamou porque não ganhou o mérito.
E desde quando roubar algo, seja pra qualquer fim, é mérito? Mérito seria o governo tratar melhor o estudante, sem impor uma mudança brusca em todo o modo de estudo e errar em vários aspectos nas vésperas da aplicação da prova.
Sobre o movimento ocorrido aqui na cidade, não vi "emoção". Uns estudantes parados na faixa, sem qualquer intervenção no trânsito, com cartazes repetidos e coloridos. Procura-se estudantes iguais àqueles do tempo da Diretas Já, e urgentemente...
Beijo
http://senhor-do-tempo.blogspot.com
Gostei muito do texto, principalmente por não haver uma opnião depreciativa do movimento (que é o que a maioria das pessoas fazem)...
acho bonito que pessoas da sua geração ainda escrevam sobre isso.
=)
Muito original. Ha-ha-ha.
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